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de 121milhões (61% dos brasileirxs) de pessoas no Brasil usam o
transporte público como meio de locomoção, dessas, 95milhões (42% da população) o fazem diariamente no percurso casa
trabalho, casa escola. Utilizar o ônibus chega a ser imprescindível para quem
deseja locomover-se, ou seja, o transporte público estaá diretamente ligado ao
livre exercício do direito de ir e vir nas cidades. Ou melhor, seria. As tarifas
de ônibus (R$2,20 em Natal/RN) impossibilitam
muitas vezes o direito de usufruir da cidade - Meu dinheiro não cresce em
árvore, R$2,20 todo dia complica! Dai
surge a necessidade de um transporte que seja realmente público e de qualidade
para todxs.
Manifestações
pela redução das tarifas e em defesa da TARIFA
ZERO eclodiram por todo o país, virando essa, a principal pauta depois da
revogação dos aumentos abusivos de 2013, que aconteceram em várias cidades do
Brasil, onde os governantes apoiam os grandes empresários de ônibus contra o
direito de um transporte público, 28 bilhões de reais são investidos nas obras
da copa do mundo 2014, muito acima dos gastos do mesmo evento realizado no
Japão, em 2002 e na Alemanha, em 2006. Deixando assim claramente em dúvida
quais são as prioridades dos nossos governantes. Segundo o Governo Federal,
grande parte do dinheiro foi investido em mobilidade urbana e
construção/revitalizações de vias, que só se “realizaram” para ajudar o
espectador da Copa do mundo a chegar adequadamente nos estádios, e depois
voltar tranquilamente para os seus hotéis caros, se locomoverem até os
aeroportos, e desfrutar de suas férias, por enquanto para nos, os natalenses,
sobra um transito caótico, ônibus sucateados, redução de linhas, e muito pouco
para se comemorar.
Apontar
os gastos exorbitantes como o único problema relacionado às obras de mobilidade
urbana que não atendem a demanda da população e sim da FIFA e dos turistas que deverão vir ao país durante a Copa, seria esquecer
das milhares de famílias pelo Brasil que estão sendo desapropriadas de maneira
arbitrária e indevida, inclusive aqui em Natal como fizeram na Mor Gouveia e em
breve pretendem realizar na Av. Moema Tinoco, na zona norte. Nem as áreas de
proteção ambiental ficarão ilesas depois das obras do pró-transporte: O Parque
das Dunas na Roberto Freire terá uma porção da sua área destruída para dar vez
ao asfalto, assim como também uma parte do mangue da redinha.
Dentro desse contexto da copa, a especulação
imobiliária aumenta e expulsa os trabalhadores de baixa renda do centro urbano,
que residem próximo de seus locais de trabalho, convívio, etc. levando-os às
periferias que são totalmente desassistidas pelo governo e prejudicada quanto à
questão do acesso e do direito a cidade, a ausência de uma politica de
mobilidade urbana tem restringindo o acesso dos natalenses a sua própria
cidade, culminando com a total exclusão e a impossibilidade do direito de ir e
vir aos cidadãos que possuem condições financeiras baixas, excluindo cada vez
mais os pobres de seus direitos, mas se não há direitos, teremos muita luta,
por isso nos questionamos: Copa para quem? Onde estão os recursos da
mobilidade? Se existiu 28 bilhões para obras que não saíram do papel, por que
eles dizem ser impossível implementar a TARIFA
ZERO?
Assim,
ficamos com o questionamento: como se pode pensar uma cidade mais acessível sem
um transporte que seja realmente publico e acessível a todxs? Como pensar em um
desenvolvimento humano e social sem vias de acesso a cadeirantes e pessoas com
deficiência motora? Onde estão as ciclos vias que cumprem um papel fundamental
no desafogamento do transito e do próprio transporte publico, estimulando
praticas mais saudáveis de locomoção? Onde estão as calçadas, para garantir aos
pedestres um caminhar seguro? E os conselhos populares formados por usuárixs e
trabalhadorxs, para definirem as demandas dos bairros e da utilização do
transporte?
Até
que essas demandas sejam atendidas, e a nossa cidade tenha uma verdadeira
revolução em seu sistema de mobilidade urbana, garantindo a todxs o livre
acesso ao direito de ir e vir, continuaremos lutando, convictos de que se a
organização popular, nas ruas, é a verdadeira ferramenta capaz de trazer as
conquistas que tanto sonhamos.
Texto disponível no jornal Vuadora na Catraca
Acesse: Vuadora Na Catraca
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